quarta-feira, 25 de maio de 2011

A química das “Sopas, Caldos e Mezinhas”

O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (UC) acolhe o segundo encontro de «Sopas, Caldos e Mezinhas – a Química no tempo dos nossos avós», um projecto de recolha verbal de saberes ligados à culinária e à medicina populares, promovido pelo Museu e pelo Instituto de Estudos de Literatura Tradicional (IELT), que decorre depois de amanhã, a partir das 15 horas.

Novas histórias sobre o uso de animais na cura de doenças e a famosa doçaria do Convento do Carmelo de Tentúgal serão dadas a conhecer ao público. A entrada é livre, mas recomenda-se inscrição prévia.
Luís Ceríaco, biólogo e investigador do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência, é o primeiro interveniente a tomar a palavra para falar do uso da fauna em remédios. Gordura de cobra para aliviar dores reumáticas e lambidelas de cão para sarar uma ferida são exemplos, apontados pelo investigador, do uso de animais na cura de doenças.

“Mas existem muitos outros exemplos”
, acrescenta Luís Ceríaco. “Urina de humano para curar picadas de abelha, óleo de ratinhos fritos para curar dores de ouvidos e picadas de escorpião para combater o cancro eram práticas recorrentes”. Contudo, o investigador deixa o alerta: “se algum destes usos tem fundamento científico, existem outros que podem ter, efectivamente, efeitos bastante nefastos para a saúde humana”.

Segundo Luís Ceríaco,
“estes usos ainda podem ser encontrados em regiões do interior do país, onde as populações ainda recorrem às mezinhas e ensinamentos dos seus avós para curar doenças”.

A Confraria dos Pastéis de Tentúgal marca, novamente, presença em
«Sopas, Caldos e Mezinhas» para partilhar mais histórias do Convento do Carmelo. Olga Cavaleiro, presidente da Associação dos Pasteleiros de Tentúgal, explica que, devido à importante função social que o Convento sempre desempenhou junto da população, "cozinhar foi uma actividade constante na vida das irmãs carmelitas”.

A presidente salienta que,
“após a entrada do exército francês na vila, foram as reservas de farinha de trigo do Convento que mataram a fome a pobres e ricos”. Olga Cavaleiro justifica a importância da divulgação das histórias do Convento do Carmelo de Tentúgal com a necessidade das populações conhecerem “quem deu vida a este espaço e soube criar doces tão maravilhosos como os pastéis de Tentúgal”.

«Algumas ervas da Amazónia»
 e «Pele: mapa do céu e da terra», sobre o capítulo de Dermatologia do espólio de medicina popular «Artes de Cura e Espanta-males», recolhido por Michel Giacometti, são temas que também estarão em análise neste encontro.

Este projecto, inserido nas comemorações do Ano Internacional da Química, vai continuar a recolher histórias e saberes tradicionais relacionadas com a Química até ao final do ano.

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