domingo, 19 de junho de 2011

Seja do mar ou da serra, se é tradicional está na mostra gastronómica de Cacela

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filipe antunes Ver Fotos »
Apresentação da Mostra Gastronomica em Cacela

Durante três semanas, meia dúzia de restaurantes da freguesia têm pratos extra e recriam os ingredientes de sempre. Atum, berbigão e javali estão entre os convidados.
Do mar à serra. Este é o epíteto que pode resumir a diversidade da terceira mostra gastronómica de Cacela, que até ao dia 3 de Julho leva os melhores temperos da avó a seis restaurantes daquela freguesia de Vila Real de Santo António.

De um simples sargo grelhado e perfumado com oregãos e flor de sal de Castro Marim (rest. Camponesa), a umas migas de tomate com peixe frito miúdo (rest. Finalmente) – ainda se lembra dos famosos joaquinzinhos ou das aranhas? –, passando pelo arroz de berbigão (rest. Rios) ou uma barriga de atum (rest. Sem Espinhas), as propostas do mar estão em maioria ou não fosse Cacela uma freguesia com uma extensa faixa litoral.


Para os mais exigentes, as carnes da serra, como o javali, podem igualmente ser encontradas num ensopado, embora para isso seja necessário trepar até à serra, à casa de pasto Fernanda e Campinas.


Também no cardápio das sugestões consistentes, o epílogo vai para as plumas de porco ibérico com puré de batata-doce (rest. Chá com Água Salgada).


De acordo com a Associação de Defesa do Património de Cacela (Adrip) e o Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela – as entidades organizadoras – a mostra gastronómica procura «recriar a alimentação tradicional das gentes de Cacela», que é o «resultado de antigas heranças ligadas à exploração dos recursos do mar, da ria e do labor nas hortas e pomares do barrocal».


Do mesmo modo, a organização quis reavivar as tradições serranas ligadas à pastorícia, ao mel e aos antigos ciclos do pão e do porco, não descurando a «utilização das ervas na aromatização dos pratos».


No capítulo das sobremesas, as sugestões começam na torta de amêndoa ou de alfarroba (recheada com laranja e ovos para amenizar), rumando depois ao pudim de mel da serra algarvia com uma redução de laranja. Pelo meio há um surpreendente (e viciante) creme de laranja com flor de sal, uma tarte de figo e um remate de um pudim de amêndoa e gila.


À semelhança dos pratos principais, para provar cada uma das sobremesas será necessário percorrer os seis restaurantes, já que cada uma das especialidades está restrita a um sítio único. As ementas foram preparadas exclusivamente para o certame e têm preços predefinidos.


Em declarações ao «barlavento», o vice-presidente da Câmara de Vila Real de Santo António explicou que, além da promoção, a mostra pretende frisar que se «come bem» nos restaurantes do concelho e que existem produtos como o atum ou as ostras e amêijoas de Cacela Velha «que têm potencialidade para afirmar o destino como ponto de referência gastronómica».


«Há muitas vezes a noção errada de que se come mal come mal no Algarve, o que não é verdade. Acontece é que no verão não existe capacidade de dar resposta à procura e isso pode traduzir-se em opiniões desfavoráveis», concluiu José Carlos Barros.

Jornal Barlavento 

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