quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eleven Algarve

Há sensações que vale a pena repetir, sobretudo quando mantêm “o charme discreto da burguesia”, num mixing entre sofisticação informal e a curiosidade de conhecer um novo espaço gastronómico no T Clube.  
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Com a chancela do chef Joachim Koerper, está a funcionar desde 28 de julho o restaurante Eleven Algarve, que abriu portas no espaço de restauração do T Clube.
Joachim sempre manifestou a sua paixão pelos produtos do sul da Europa, pelos sabores, cores, aromas e texturas do que se convencionou chamar a cozinha mediterrânica e segue à risca aquele primeiro mandamento de um chef que coleciona estrelas Michelin: usar apenas produtos naturais e frescos a que alia a criatividade.
Como chefe consultor da Quinta das Lágrimas, desde 1999 Joachim Koerper é também um profundo conhecedor da cozinha portuguesa e dos produtos disponíveis no país.
Deixe-se aconselhar pelo chef para que a surpresa seja completa. Embora se recomendem vivamente as saladas de lavagante, ou os carpaccios de atum ou bacalhau. Os doces e os vinhos acompanham com galhardia as propostas.
Antes do jantar, fica muito bem uma visita ao Centro Cultural de São Lourenço, em Almancil, que por estes dias inaugurou a mostra Exhibition com trabalhos de escultura de Rui Matos e pintura de Nuno Santiago, visitável até 6 de Outubro.
A comemorar 30 anos, o Centro Cultural de São Lourenço é uma referência incontornável no Algarve e está aberto todos os dias das 10h00 às 19h00 nos domingos e feriados inclusive. Encerra apenas à segunda-feira.
Para completar a trilogia de bem viver, os percursos pedestres assinalados na Quinta do Lago conduzem-nos por entre o luxo maior de todos, o da Natureza.
Trilhos entre a terra e o mar
Estão assinalados dois trilhos já que o Parque Natural da Ria Formosa chega até à Quinta, abrigando aves protegidas, uma flora própria e uma paisagem indecisa entre a terra e o mar, com sapais e lagos.
O Trilho Quinta do Lago acentua de forma especial a flora existente no local, em dois eco-sistemas distintos: o arbustivo e o sapal, junto à orla costeira.
O trilho tem cerca de 2.3km de extensão e 2 pontos de paragem com quadros informativos ilustrados sobre as espécies que poderá descobrir se seguir os postes com uma lista em cor laranja. O percurso demora cerca de 40 minutos.
Quanto ao trilho São Lourenço, sinalizado pela cor azul, serpenteia por dois tipos de zona húmida, o sapal e os lagos de água doce, passando ainda pelos tanques de salga, vestígios da ocupação romana.
O trilho tem cerca de 3.2km de extensão e os vários pontos de paragem assinalados são também ótimos locais para observar as aves, tanto as que fazem da Ria Formosa a sua casa permanente, como as que migram para virem nidificar e elevam o seu voo nas horas mágicas do amanhecer ou ao por do sol, para deleite de quem por ali anda.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Saiba por que o grão-de-bico vale ouro‏

Saiba por que o grão-de-bico vale ouro

O grão-de-bico é um alimento mais rico do que o feijão em muitos aspectos. 
Entre 20% e 30% da sua constituição é pura proteína. 
Possui muitas fibras, zinco, potássio, ferro, cálcio e magnésio. 
Se for consumido todos os dias, faz ganhar massa muscular, aumenta o bom humor, reduz o nível de colesterol ruim e regula os intestinos.
Mas a sua qualidade mais famosa é a de gerar felicidade: possui mais triptofano do que o feijão, o mesmo aminoácido essencial que faz do chocolate essa bela fonte de bem-estar e redução do stress.
"Em seres humanos metabolicamente normais, o aumento do consumo do grão-de-bico tem como conseqüência uma maior produção da serotonina", destacam Leonardo S. Boiteux e Maria Esther de Noronha Fonseca, do Laboratório de Melhoramento Genético & Análise Genômica do Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças (CNPH) da Embrapa Hortaliças, em Brasília.
Por ter ómega 3 e 6, é indicado para prevenir doenças cardiovasculares. E quem tem diabetes ou está lutando contra a obesidade também pode beneficiar da leguminosa.
"Tem carboidratos complexos, ou seja, possui uma metabolização lenta no organismo. Por também ser rico em fibras, proporciona uma sensação de saciedade, e a pessoa só vai sentir fome bem mais tarde", explica a nutricionista baiana Solange Carvalho.
Os pesquisadores da Embrapa Hortaliças destacam que as sementes do grão-de-bico também acumulam mais fitoestrogénios do que as do feijão - substâncias que têm acção preventiva na osteoporose e em problemas cardiovasculares. Os fitoestrogénios também são usados na reposição hormonal após a menopausa.

domingo, 24 de julho de 2011

Comida congelada é uma boa opção para quem não gosta ou não tem muito tempo para cozinhar...

A comida congelada é uma excelente opção para quem trabalha fora o dia inteiro, chega em casa à noite e não quer ficar na cozinha até altas horas. Nos cálculos da dieta saudável, recorrer ao freezer para conservar alimentos como arroz, feijão, carnes e legumes é um hábito muito mais saudável do que pedir uma pizza gordurosa antes de dormir.

Na opinião da nutricionista Fabiana Scaglioni, da Controlare Assessoria em Segurança Alimentar, de São Paulo, a maior preocupação de quem escolhe congelar a comida deve ser a de descongelar o menor número de vezes possível. De preferência, uma vez só. Isso porque a retirada do alimento do freezer o expõe à temperatura ambiente, favorecendo sua contaminação por bactérias.


Vamos supor que, no sábado, a cozinheira tenha preparado dez pedaços de frango. Sabendo que vai consumir apenas dois por dia na semana seguinte, utilize cinco pequenos potes para congelá-los – em vez de colocar os dez num pote grande.


Se você gostou da ideia de congelar alimentos, acompanhe as outras dicas da nutricionista:   


Tempere só na hora de comer:
não congele o alimento temperado. A longo prazo, sal, azeite e ervas podem alterar características naturais, como a cor e o próprio sabor. Em alguns casos, depois de um tempo, você vai precisar temperar a comida novamente. Isso significa dobrar a quantidade de sal e óleo, o que não é bom para a saúde.

Não misture alimentos no mesmo recipiente:
não há problema em congelar uma sopa de legumes pronta. Mas jamais congele juntos cenoura, batata, carne e abóbora, por exemplo, se pretende batê-las no liquidificador para fazer a sopa depois. Isso porque as bactérias que vivem sem se propagar em um dos ingredientes podem encontrar no contato com outros um meio propício para se espalhar. E isso pode acabar contaminando tudo.

Tempo:
a comida não deve permanecer no freezer por mais que três meses. Anote o dia do congelamento numa etiqueta e cole no pote. Mas atenção! “Abertura e limpeza constantes do freezer devem ser evitadas, pois provocam mudanças de temperatura”, alerta Fabiana. “Passados três meses, há chance de o alimento não aguentar as variações no termômetro.”

O melhor tipo de recipiente:
é o de plástico, mais fácil de limpar. Se um pote não for bem lavado, os restos de alimento irão contaminar a comida, quando ele for reutilizado. No mais, evite o vidro – há risco de quebra. Sacos plásticos devem ser dispensados: grudam no alimento ao congelar e, desse modo, contaminam as pessoas com as substâncias químicas do material.


Custom Editora
Especial para o Terra

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Feira do Presunto Tradicional em Monchique

Subir mais alto e mais além, entre os verdes sempre frescos de Monchique, ainda assim com o mar constantemente no horizonte e provar a água da vida, o caseiro bolo de panela lambuzado de mel e outros acepipes.  
Chamam-lhe a Feira do Presunto Tradicional de Monchique, pela “marca registada” do porco preto que lhe está na origem
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Chamam-lhe a Feira do Presunto Tradicional de Monchique, pela “marca registada” do porco preto que lhe está na origem e porque a sua produção mantém um cunho artesanal de quem já tem muitos anos destas andanças.
Mas não só de presunto trata esta feira, que está pelo Largo de São Sebastião, no centro da vila, nos dias 23 e 24 de julho.
A par dos presuntos vêm os enchidos, entre eles a morcela de milho, receita serrana que só por estas bandas se encontra.
A ‘água da vida’ ou mais propriamente o medronho, rivaliza com o mel da região em termos de tentações, em especial quando acompanha os doces que saem da cozinha caseira e cujos ingredientes integram o mel e o perfume da canela.
Para quem preferir uma opção mais calma, os restaurantes da terra capricham, por estes dias, e integram na ementa os pratos da cozinha serrana pelo que não será difícil encontrar lugar onde provar as lulas cheias à Monchique, a Assadura de porco, para citar apenas alguns dos ex-líbris gastronómicos da zona.
Os miradouros de Monchique
O verde, conjugado em todas as suas cambiantes, tinge a serra de Monchique de uma paleta quase infinita. É o lugar mais alto do Algarve, embora o acesso à vila e à serra seja fácil, graças aos bons acessos.
Por isso, o desafio é ir de miradouro em miradouro até ao alto da Fóia, o mais alto, aquele de onde se vislumbra, em dia claro, o horizonte azul do Atlântico e a costa até distâncias insuspeitas.
Mesmo no centro da vila de Monchique, ao lado do recinto da feira no Parque São Sebastião, está o miradouro que oferece uma panorâmica sobre a vila que vai acompanhando as colinas suaves. O branco do casario é pontilhado pelas torres das igrejas, o antigo convento, e o jardim que envolve as piscinas, onde pontificam as camélias.
Seguindo em direção da pitoresca aldeia de Alferce, pode-se optar por cinco miradouros. O das Barreiras Brancas, do Monte Velho, do Barranco do Demo, da Altura da Choça ou da Altura da Benafátima.
São lugares onde os castanheiros, os carvalhos e os medronheiros marcam a paisagem. Recomenda-se atenção às aves, para não se perder o voo das rapinas, como a águia, que por ali estende as asas.
Para quem vai a caminho do ponto mais alto da serra, o Miradouro da Picota a 774 m de altitude, mostra as rudes escarpas, imponentes, descendo por aí fora, até aos vales verdejantes.
Ainda se pode parar no Miradouro da Fonte Santa, virado a Sul, dividindo-se a atenção entre a panorâmica que se alcança até ao litoral ou as águas cristalinas que ali brotam.
Já no Miradouro da Fóia, a 902 metros, se o dia estiver límpido e claro como tantas vezes acontece no verão, a vista alonga-se, por um lado, até ao Cabo de São Vicente e mais para norte até à Serra da Arrábida, e para outro, até Faro e todo um vasto semicírculo de serranias.
O Miradouro das Caldas fica na meia serra, perto da entrada da estância termal das Caldas de Monchique, no sítio do Barranco do Banho e numa zona de interesse arqueológico. Daqui a vista abrange as Caldas de Monchique, com os seus jardins cuidados que se confundem harmoniosamente com a Natureza e ainda se observa uma boa parte do caminho histórico do Barranco do Banho.
São lugares mágicos, ora sombreados por árvores imponentes, ora mostrando rochas agrestes, mas com o constante tilintar de águas fartas, que por vezes brotam inopinadamente, criando leves sinfonias. Não há stresse que resista, na serra da Monchique. Sai-se de lá com a alma lavada.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Bolo de cenoura com pepitas de chocolate

Uma coisa que eu gosto no bolo de cenoura é quando eu sinto o gosto da cenoura. Muitas vezes colocamos muito chocolate na cobertura e some totalmente o gosto do bolo. Essa receita foi criado justamente para termos o gosto do chocolate e também do bolo de cenoura.
Espero que gostem, é bem simples, e é bem gostoso..
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Bolo de cenoura com pepitas de chocolate

4 ovos
200 ml de leite
100 ml de óleo
2 xic de farinha de trigo
1 xic e 1/2 de açúcar
3 cenouras
1 colher de fermento em pó
200 gramas de chocolate meio amargo em pedaço pequenos

Bata o leite, o óleo, açúcar, os ovos e as cenouras no liquidificador.


Acrescente devagar a farinha e o pó royal (nesse momento eu bato na mão, mas quem tiver um liquidificador mais potente faça no liquidificador);


Unte uma forma e esfarinhe, coloque a massa e o chocolate por cima.


Deixe no forno por 35 minutos, e faça o teste do palito de dente.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A origem do arroz (1ª parte)


 Silvana Mangano em cena do filme  Arroz Amargo
Silvana Mangano em cena do filme Arroz Amargo

Lecticia Cavalcanti
Do Recife (PE)

Semana passada, recebi carta (isso mesmo, ele sabiamente não usa e-mail) do grande pintor pernambucano, e leitor assíduo dessa coluna, José Claudio. "Hoje estava comendo uma quiaxada (segundo ele, mistura de quiabada com maxixe) e, quando juntei o arroz, fiquei pensando sobre sua origem, sua presença no Império Romano ou o que a Europa daquele tempo, bem antes de Cristo, comia"; após o que sugeriu, na carta, "Taí uma pesquisa interessante".
Sugestão aceita, logo lembrei do filme "Arroz Amargo", de Giuseppe de Santis. Um dos muitos produzidos pela Cinecittá, depois da Segunda Guerra. No filme, Silvana Mangano, atriz italiana dos anos 50, passou quase todo o tempo com os pés nas águas de uma plantação de arroz. À serviço de patrões insensíveis - como insensíveis eram quase todos os patrões de quase todos os filmes italianos dos anos 50. Acabou morrendo, coitada. E não de alguma doença ribeirinha. Mas de amor. Jogando-se do alto de uma torre, desesperada pela morte do grande Vittorio Gassman. O rio em que estava aquele arrozal, bom lembrar, era o Pó, que corta a Itália de um lado ao outro, entre cidades e sabores - Parma e seus queijos; Bologna e seus molhos; Ferrara e seu Cappeletti de Abóbora; Cremona, terra de Antonio Stradivarius, e seu Risotto in Festa. Próximo ao Pó fica o Rio Sesia; de onde, à beira de Vercelli, o laboratório de La Sapise conseguiu realizar cruzamento genético que resultou em um arroz preto - o "rizo venere", muitíssimo mais saboroso que aquele colhido pela bela Mangano. Mas a história do arroz começa, caro amigo José Claudio, bem antes daquele filme.
Há registros de seu cultivo na China (entre 8200 - 7800 a.C.), em Hunan. Era, então, alimento e símbolo de fertilidade. Na Índia, acreditava-se que os arrozais tinham alma - razão porque desde então, e até hoje, é comum ver pequenos templos em meio às plantações. Nas águas que escorrem do Himalaia, desde muito tempo, se cultiva o "Basmati" - um arroz com aroma de sândalo, consumido só sete anos depois de colhido, hoje considerado pelos grandes chefes o melhor do mundo. Não está presente, como alimento, na Bíblia - apesar de ser usado, àquele tempo, na fabricação de cerveja, vinagre e vinho. No séc. IV a.C., Alexandre (o Grande) traz esse arroz, do Oriente, para Grécia e Roma - onde, no começo, foi usado apenas para preparar infusões medicinais e cosméticos.
O filósofo Teosfrato e também Plínio (o Velho), recomendavam água de arroz para combater os males do intestino. Não há referência a ele no livro de Apicius (30 a.C. - 37 d.C.), considerado primeiro livro de culinária propriamente dito. Nem está presente nos grandes banquetes romanos. Revelados sobretudo no livro "Satyricom", de Petrônio (27-66) - um homem cheio de vícios, inclusive o de freqüentar a corte do Imperador Nero. No capítulo "A Ceia de Trimalquião", com ele aprendemos que quanto mais exagero, ostentação, luxo e orgias tivessem os banquetes, mais importância e prestígio eram dados ao anfitrião. Nessas ceias serviam frutas e especiarias trazidas de todos os lugares, sem importar distância ou dificuldade de trazê-las; e sobretudo animais raros, e de grande porte, por serem nas mesas muito mais imponentes. Na referida ceia de Trimalquião, por exemplo, foram servidos aos convidados: salsichas assadas em grelha de prata; ameixas da Síria; bagas de romã; ovos feitos de massa, recheados com pintos vivos, envolvidos em gema apimentada; tetas de porca e lebre ornamentada com asa; javali inteiro, recheado com tordos vivos e acompanhado de tâmaras secas; carne de porco arrumada em forma de ganso, tendo em volta peixes e várias espécies de aves. Sem nenhuma referência ao arroz. 

(Continua no próximo sábado)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Restaurante Terreiro do Paço - Lisboa - Outras cartas de amor

Nélson Jerónimo Rodrigues
   
O que durante anos foi o posto central dos correios de Lisboa passou a acolher um restaurante que faz jus à nobreza da sua localização. Cartas, agora, só as gastronómicas, mas estas também falam de amor. Pelos sabores e memórias do nosso Portugal.
   
A história deste espaço não se resume aos tempos em que ainda se escreviam cartas de amor. Muito antes de pertencer aos CTT, esta jóia da arquitectura pombalina já tinha albergado parte do arsenal da Marinha e os seus terrenos pertencido ao antigo Paço Real, que deu nome a um dos mais belos “terreiros” da Europa.

Os tempos modernos quiseram devolver a Praça do Comércio (como também é conhecida) aos lisboetas, mas entre avanços e recuos houve várias falsas partidas. Uma delas foi precisamente o Restaurante Terreiro do Paço que, numa primeira fase, não resistiu às intermináveis obras daquelas paragens.

Hoje, já lá não mora o conhecido chefe Vítor Sobral, mas o grupo Lágrimas não ficou a chorar sobre o leite derramado e voltou a abrir esta emblemática casa. Desta vez privilegia-se sobretudo a chamada “comida de bem-estar”, mais descontraída e informal, mas sempre atenta ao detalhe.
   
Mão cheia de ambientes
Enquanto sala de estar de Lisboa, a Praça do Comércio é uma autêntica passadeira de culturas, hábitos e modos de estar distintos, por isso o renovado Restaurante Terreiro do Paço teve de adaptar-se a essa realidade. O resultado está à vista de todos desde Fevereiro de 2011.

Dentro e fora de portas foram criados vários espaços distintos, que vão da “tasca gourmet” a uma mezzanine mais selecta e requintada. Além das duas esplanadas, uma em plena praça e a outra virada para o Páteo da Galé (espaço interior), há mais três salas com personalidades e cartas próprias.

Logo à entrada do restaurante fica um espaço intermédio, onde podemos comer uma refeição ligeira e tomar um copo até bem tarde. As mesas, mas também alguns petiscos, fazem lembrar o melhor de uma tasca à portuguesa, enquanto as paredes estão carregadas de simbolismo histórico.
   
É nelas que encontramos algumas das mais célebres frases pronunciadas na Praça do Comércio, como o grito de “infames, infames!” lançado por D. Amélia após o regicídio ou o “É só fumaça, o povo é sereno”, que o então Primeiro-Ministro Pinheiro de Azevedo deixou escapar num dos momentos mais quentes do pós-25 de Abril.

Desta sala passamos para a área principal do restaurante, onde um enorme mapa-mundo - “desenhado” com postais turísticos - salta imediatamente à vista.

O mobiliário também não esconde as influências vintage, mas o que mais surpreende a maioria dos clientes são as toalhas de plástico e os copos antigos (sempre diferentes) que parecem saídos da série “Conta-me como foi”.

Mais contemporâneos são os sons ao vivo que enchem este espaço em vários dias da semana, seja nas "Happy Wednesdays" de quarta-feira (com dj`s e karaoke) ou nos "Paço Música Sunsets", com artistas de vários quadrantes a animarem os finais de tarde de sexta e e sábado.  
   
Aqui podemos optar por um buffet de almoço (também ao sábado) a preços acessíveis (11 €; sem bebidas), o que já não é fácil de encontrar em muitas casas lisboetas com os mesmos níveis de apresentação e serviço.

E quem ficar junto a uma das grandes janelas ganha também uma vista privilegiada, com a Sé de Lisboa ou o Castelo de São Jorge a acompanharem a refeição.

Ainda nesta sala, mas num andar superior fica a área mais formal e sofisticada do Terreiro do Paço. Nesta mezzanine primam as toalhas brancas, a luz reduzida e, claro, o serviço à carta.
   
A união faz… a ementa
É fácil ter saudades da gastronomia de Vítor Sobral, por isso encontrar um sucessor para a cozinha do Terreiro do Paço mostrava-se uma tarefa quase hercúlea, para não dizer impossível. Então, como substituir um grande chefe na criação dos pratos? Só com vários grandes chefes!

A solução encontrada foi, de facto, engenhosa e criativa, mas parece ter resultado. Na prática, a ementa passou a ter a assinatura de todos os chefes do grupo Lágrimas, como Albano Lourenço (Restaurante Arcadas da Capela), Luís Casinhas (Cantina da Estrela), Miguel Oliveira (restaurantes do Casino Lisboa) e até o famoso Joachim Koeper, do Eleven.

Não conte encontrá-los sempre lá (e muito menos todos juntos), mas o melhor de cada um está bem expresso na carta que elaboraram em conjunto.
   
Os raviolis negros de bacalhau com broa (foto ao lado), o risotto balsâmico de cogumelos e foie ou a perna de borrego com polenta são apenas alguns dos pratos que deixam água na boca de qualquer um, mas há mais para nos deleitarmos.

Logo para entrada, não deixe de provar as pissaladiéres, uma tarte de massa folhada (original do sul de França), enquanto nas sobremesas é difícil ficar indiferente ao pomposo nome de “O melhor pão-de-ló do Universo”.

A carta de vinhos privilegia claramente os néctares produzidos em Portugal e está dividida (de forma divertida) consoante as suas características e regiões de proveniência. É por isso que lá encontramos, por exemplo, os “alentejanos de barba rija”, os “vinhos dos douro Boys” ou os “vinhos para sportinguistas e não só”…
   
As referências humorísticas estão, de resto, omnipresentes em todo o restaurante e não se limitam a este detalhe. Desde a decoração do espaço às próprias fardas (desenhadas pelo estilista Nuno Gama) há sempre um toque “português kitch” que nos faz sorrir.

Por exemplo, nas t-shirts dos empregados não podia faltar o nosso Galo de Barcelos, mas desta vez acompanhado com uma frase “para inglês ver” que também se pode aplicar à culinária: “Portuguese do it better”…

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bolinhos de Espinafres, Bacon e Queijo




Ingredientes:
250 gr farinha com fermento
2 ovos
20 cl de leite
200 gr de queijo parmesão ralado (pusemos 100gr)
50 gr de azeite (pusemos um bom fio de azeite)
100 gr de bacon aos bocadinhos pequenos
200 gr de espinafres
Sal e pimenta q.b.
Preparação:
Começa-se por colocar água a ferver com um pouco de sal.
Lavam-se os espinafres e retiram-se os pés dos mesmos, deixando apenas as folhas. Depois verte-se a água já fervida por cima das folhas e deixa-se a cozinhar.
Numa frigideira, coloca-se um pouco de azeite e, quando estiver quente, juntam-se os bocados de bacon. Quando estiverem bem dourados reservam-se em papel absorvente.
Numa taça, coloca-se a farinha, o leite, os ovos e o azeite e mexe-se tudo muito bem. Tempera-se com um pouco de sal e pimenta.
Agora falta juntar os ingredientes principais: espinafres, bacon e queijo ralado; e mexe-se muito bem.
Antes de se juntar os espinafres tem de se retirar toda a água que estes absorveram. Podem utilizar um passador para espremer bem.
Em formas individuais, coloca-se papel vegetal e deita-se a massa anterior em cada forma. Vai ao forno durante 20 minutos a 180º ou até ficarem dourados.

Algarve: Restaurantes com os pés na areia!

Com a chegada do verão, quase todos os caminhos apontam a sul. Para um fim de semana ou para as merecidas férias, o Algarve continua a ser a região mais procurada para sol, praia e…boa gastronomia. Escape.pt deixa algumas sugestões de restaurantes com os pés na areia para que possa apreciar peixes e mariscos, sem sair da praia!

Restaurante Rei das Praias (Ferragudo)
Nos mariscos sugerem-se amêijoas, conquilhas, lavagante e lagosta (por encomenda), carabineiros e camarão tigre. Nos peixes, aconselham-se douradas, robalos, pargos, salmonetes, grelhados, no forno ou ao sal. Este é um dos cartões-de-visita do magnífico restaurante, localizado na Praia dos Caneiros, entre Ferragudo e Carvoeiro. Preços a partir de 30 euros. Pode ainda aproveitar o bar e, se gostar, do conceito, conhecer a guest house Casa Rei das Praias, uma das novidades de 2011.

Restaurante Caniço (Alvor)
Inserido no aldeamento Prainha, mais precisamente “agarrado” à falésia da Praia dos Três Irmãos, o restaurante e bar O Caniço Aberto desde 1989, oferece, além de uma localização ímpar, excelente peixe e marisco, acompanhados de uma boa garrafeira. Preço acima dos 30 euros. Durante o verão está aberto para almoços e jantares. Também promete noites animadas.

Pézinhos N’Areia (Praia Verde)
Restaurante especializado em peixe fresco e mariscos, a história deste espaço começou em 1983 como um pequeno apoio de praia que, pouco a pouco, se foi transformando e crescendo até ao restaurante moderno e muito confortável que recebeu as últimas obras em 2010. O preço médio de uma refeição oscila entre os 30 e os 40 euros.

Restaurante A Sardinha (Albufeira)
Na pequena Praia de Arrifes, este é um pequeno grande tesouro à espera de ser descoberto. É ideal para um dia de praia ou para uma refeição tipicamente algarvia com uma excelente vista para o mar. Peixes e mariscos marcam, positivamente, a ementa. Preços a partir dos 20 euros.

Restaurante Pintadinho (Ferragudo)
Na Praia do Pintadinho, um das poucas que ainda resiste à avalanche de turistas, este é um restaurante muito conhecido pela qualidade do peixe para grelhar. Por encomenda pode também saborear arroz de marisco, caldeirada de peixe, cataplanas, arroz de lulas, ou lingueirão, entre outras iguarias. Preço médio a rondar os 25 euros.

Restaurante Arte Náutica (Armação de Pêra)
Faz parte do universo de restaurantes do luxuoso Vila Vita Parc. Em Armação de Pêra, oferece um amplo terraço e excelentes pratos de peixe e marisco. Amêijoas à Bulhão Pato, camarão frito com alho e arroz de lingueirão são algumas das sugestões, acompanhadas pela fantástica vista de mar. Preços acima dos 30 euros.

Restaurante 2 Passos (Ancão)
Na Praia do Ancão é um dos clássicos restaurantes de praia desta zona algarvia. Recanto de descontração, mas também de qualidade gastronómica. Na carta, o peixe e o marisco ganham, natural, destaque. Lagosta no Pote e Arroz Preto com Tinta de Choquinhos são excelentes opções. Preços a partir dos 40 euros.

Restaurante O Estaminé (Ilha Deserta)
Na Ilha Deserta, o restaurante proporciona uma experiência pautada pelos sabores da região num cenário deslumbrante. É uma espécie de dois em um: uma boa refeição e um passeio de barco, uma vez que para chegar a este restaurante terá sempre de fazer uma travessia de cerca de 35 minutos. Mas vale a pena. Preços a partir dos 35 euros. Veja aqui a reportagem Escape sobre o restaurante O Estaminé.

Restaurante Chá com Água Salgada (Manta Rota)
Em cima do areal, na Praia de Manta Rota é um espaço moderno e confortável. As madeiras fazem a ligação aos dias mais quentes e a esplanada é obrigatória durante o verão. Produtos regionais, peixes e mariscos frescos e o mar ali tão perto fazem o resto. Da trilogia de atúm ao risotto de carabineiros não faltam petiscos e pratos de sabor a mar, com preços médios entre os 25 e os 35 euros.

Restaurante António Tá Certo (Garrão)
Apetece ter os pés dentro de água, mas do mar, o melhor mesmo, é o peixe fresco para grelhar e os mariscos para petiscar. Na tasca que agora é assumidamente restaurante encontra ainda pratos mais robustos como a cataplana de peixe ou o arroz de marisco. O restaurante só serve almoço, com preços entre os 30 e os 40 euros.

Restaurante Evaristo (Albufeira)
Fica na Praia do Evaristo e é conhecido como um dos locais preferidos das elites. Tem, por isso, ou por causa disso, serviço de embarque e desembarque. Aqui não há ementa, pois ao entrar dá de caras com o peixe ou o marisco, escolhe a peça e a confeção e é encaminhado para a mesa, onde certamente se vai deliciar com a sua opção. Preço médio entre os 40 e os 50 euros.

Restaurante Camané (Praia de Faro)
Aqui, as especialidades são o peixe e o marisco, bem frescos e cozinhados no momento. Lombinhos de tamboril com gambas, caldeirada de lagosta e cataplana de cherne e amêijoas são alguns dos pratos com que se pode deliciar. Preços a partir dos 30 euros.

Restaurante Pássaro Azul (Albufeira)
Na Praia de Olhos de Água, é um restaurante que convida a uma boa refeição com sabor e cheiro a mar. Junto ao balcão, o cliente encontra uma exposição variada de peixes, mariscos e outros petiscos que fazem as delícias dos comensais. O serviço é simpático e eficiente. Os preços médios variam entre os 20 e os 30 euros.

Restaurante São Roque (Lagos)
Percebes, ostras, carabineiros, lagosta e condelipas são petiscos impossíveis de recusar para quem frequente este restaurante na Praia de São Roque. Se procura algo mais substancial, opte por uma cataplana ou caldeirada, ou até mesmo pelo peixe ou carne grelhados no carvão. Preços entre os 20 e os 30 euros.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal

Há que arranjar argumentos para se votar com propriedade nas 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal, até 7 de setembro, e por isso iremos à origem, de olho na ementa marinha das “papas mouras” conhecidas por xarém, para depois nos perdermos no esplendor da Ria Formosa.  
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Invoque-se o especialista, o historiador e investigador da história da alimentação Renato Costa, que elege o xarém como uma das “receitas intemporais do Algarve” embora com outro nome: as papas mouras, assim lhe chamavam os pais dos avós dos algarvios, que as comiam acompanhadas pelas conquilhas ou outros bivalves, se fosse caso disso, quando a casa ficava no litoral.
Em se vivendo na serra, ou junto à horta, entrava o toucinho, o chouriço, os coentros na versões marinha e terrestre que o xarém é democrático e adapta-se a inúmeros paladares.
Afinal o verdadeiro segredo são os temperos e acompanhamentos, que podem ser à medida do apetite, do gosto e do bolso de cada um.
Ruma-se por isso a Olhão, cujo xarém com conquilhas figura entre os finalistas das 7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal.
Puxa-nos o gosto para a Casa Algarvia, um pequeno restaurante familiar no minúsculo largo fronteiro aos mercados de Olhão de traça com inspiração mourisca e de onde se pode espreitar a Ria.
Mas basta andar pela marginal, onde se alinham uma enfiada de restaurantes em que pontua a gastronomia pesqueira e nalgum haverá xarém. De conquilhas, berbigão ou, na versão rica, incrementado com camarões.
Não será viagem em vão se os sabores penderem para outras ofertas, porque em Olhão a riqueza do marisco, a frescura do peixe, a aposta nos petiscos como as ovas de choco fritas, os sabores frescos do mar temperados pelos sabores das ervas e saladas das hortas das aldeias próximas, está garantido.
Já agora e a título de curiosidade fica-se a saber que o ingrediente base deste prato são papas de milho, à semelhança da polenta italiana, num sabor quase neutro que depois absorve todos os outros temperos do prato.
Saiba-se ainda que a farinha utilizada não deve ser de moagem excessivamente fina, de forma a não ficar excessivamente pesada e envolver com delicadeza as conquilhas.
Para este tipo de moagem usava-se uma pequena mó manual, essa sim ferramenta que se herdou da cultura árabe e pela sua evidente utilidade sobreviveu aos tempos e que se chama xarém, como ensinaram linguistas e historiadores.
Ao prato agora recuperado para a tradição gastronómica, chamava-lhe o povo apenas “papas mouras” conservando a memória, não da receita, mas do utensílio, o xarém, este sim, um artefacto da cultura islâmica.
Depois ceda-se ao apelo da Ria Formosa, que se estende ali em frente. Uma das melhores soluções é anuir ao impulso e embarcar num dos pequenos barcos/táxi para uma volta que poderá passar por um dos esplendores do Algarve, a costa livre das ilhas da Culatra, do Farol ou da Armona um areal dourado literalmente a perder de vista.
Pelo caminho, cruzam o ar as aves que fazem da Ria a sua casa.